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25 setembro, 2011


CAPÍTULO 11: TENDÊNCIA AO
SUICÍDIO NA INFÂNCIA


"Tem o homem o direito de dispor da sua vida? "Não; só a Deus assiste este direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa lei."Allan Kardec, "0 Livro dos Espíritos" - questão 944

As estatísticas mundiais assinalam um aumento de suicídios na adolescência, o que é extremamente preocupante. Algumas indagações vêm à tona e nos perguntamos: O que leva uma criança ou um adolescente mal saído da infância a ter idéia de se matar? Por que isso ocorre?

A resposta a estas perguntas já foi apresentada nos capítulos anteriores: a criança é um espírito milenar - este é um ponto que estamos firmando várias vezes nesse livro, visto que é a unlca explicação plausível, lógica e racional face a situações tão dolorosas quanto esta que estamos enfocando.

A Doutrina Espírita evidencia a relação existente entre a obsessão e o suicídio, mostrando que, em casos de maior gravidade, pode surgir a tendência ao suicídio, em virtude de idéias neste sentido que o obsessor envia; idéias estas que podem assumir a feição de ordens imperiosas, mediante a ascendência que o espírito consegue sobre sua vítima. Não esqueçamos que a dívida do passado é uma porta aberta à invasão do cobrador e a sensação de culpa torna o devedor fragilizado.

Em princípio, registramos a palavra sempre abalizada de Manoel Philomeno de Miranda sobre o assunto.

Em página inserta no livro "Temas da Vida e da Morte", ele ressalta a opinião de alguns profissionais da área da saúde mental - que, sendo materialistas, afirmam que baixas cargas de serotonina no cérebro seriam responsáveis pelo impulso suicida, esclarecendo que os neurotransmissores que atuam no controle de atividade cerebral, respondendo pela área da emoção, são causadores de muitas ocorrências psíquicas, emocionais e físicas. Entretanto informa Miranda, nada mais são do que efeito: "de outros fatores mais profundos, aqueles que procedem do Espírito que comanda a câmara cerebral, exteriorizando-se na mente e na fisiologia desses microinstrumentos que constituem a sede física do pensamento e de outras igualmente importantes funções da vida humana."

Em seqüência, Miranda cita o dramático problema do suicídio na infância. Observemos suas ponderações, quando, referindo-se ao suicídio, aduz que este "assume gravidade e constrangimento maiores, quando crianças, que ainda não dispõem de discernimento, optam pela aberrante decisão", citando fatores que podem contribuir para isto:

"Amadurecidas precipitadamente, em razão dos lares desajustados e das famílias desorganizadas; atiradas à agressividade e aos jogos fortes com que a atual vida social as brinda, extirpando-lhes a infância não vivida, sobrecarregando-se de angústias e frustrações que as desgastam, retirando-lhes da paisagem mental a esperança e o amor. Vazias, desprovidas do afeto que alimenta os centros vitais de energia e beleza, vêem-se sem rumo, fugindo, desditosas, pela porta mentirosa do suicídio.

"Ademais, grande número delas, suicidas do passado, renascem com as impressões do gesto anterior e, porque desarmadas, na sua quase totalidade, de equilíbrio, vendo, ouvindo e participando dos dramas em que se enleiam os adultos que as não respeitam, antes considerando-as pesados ônus que devem pagar, repetem o ato infeliz, tombando nas refregas da dor, que posteriormente as trarão de volta em expiações muito laceradoras.

"Uma análise mais íntima do fenômeno autodestruidor leva também a sutis ou violentas obsessões que o amor enlouquecido e o ódio devastador fomentam, além da cortina carnal". (Temas da vida e da morte, Manoel P. de Miranda)

Nem sempre, porém, a tendência ao suicídio ocorre por processo obsessivo grave. Existem duas situações que influem decisivamente para que a criança apresente, desde cedo, o desinteresse pela vida, a idéia de morrer como se a isso fosse impelida pela própria vontade. No primeiro caso, pode tratar-se de um espírito que recusou o retorno à vida corporal, por medo das provações resultantes de sérios comprometimentos perante as leis divinas. Tais espíritos, ao se conscientizarem dos seus atos criminosos, passam a temer a volta ao corpo físico e as dificuldades que terão de enfrentar. Todavia, retornam, cumprindo-se assim a lei de ação e reação, conforme a afirmativa de Jesus:" a cada um segundo as suas obras". São crianças, às vezes, tristonhas, chegando à depressão, outras se apresentam rebeldes, difíceis, medrosas, enfim, denotando conflitos íntimos, inconscientes, que ressumam através dessas reações.

Queremos deixar bem claro que estamos no terreno das probabilidades. Isso não quer dizer que toda criança tristonha, rebelde ou medrosa esteja inserida nesse contexto, pois existem 'n' razões espirituais para quaisquer tipos de vivências. Fato é, porém, que em certos casos de tendência ao suicídio a explicação poderia ser a que acima mencionamos.

Uma outra situação pode ocorrer, quando o espírito que retorna à vida física foi suicida na existência precedente, conforme menciona o benfeitor Miranda. Neste caso, há uma provável tendência a cometer o mesmo gesto na vida atual. Isto, contudo, não é um determinismo da Lei Divina, mas sim uma fraqueza moral e espiritual do próprio espírito. Importa ter em mente que isto não significa que ele, inexoravelmente, irá repetir o gesto anterior, pois a reencarnação expressa em seus mecanismos diferentes e diversas oportunidades ao espírito, em nova vestimenta carnal, de vencer e conquistar um novo patamar de entendimento. Muitos fatores positivos poderão exercer influência significativa no fortalecimento do espírito faltoso, pois sabemos que o Pai do Céu é misericordioso e magnânimo. Todos somos filhos de Deus e "herdeiros do Universo", conforme a palavra sábia de Joanna de Ângelis.

Relatamos a seguir um caso de vingança espiritual, exercida por um espírito.

J.C., menino de oito anos, foi levado pelos pais à Sociedade Espírita "Joanna de Ângelis" , onde trabalhamos. Os pais relataram que o filho, havia alguns meses, passou a ter medo de dormir, pois, quando se deitava e após a mãe apagar a luz do quarto, via um homem de aspecto horrível a lhe dizer que deveria pegar uma faca e se matar. Quando estas visões começaram, o seu pavor era tão grande, que ficava imobilizado, sem conseguir reagir, o coração disparado, fechava os olhos bem apertados, mas o homem continuava ali. Chorava baixinho até adormecer pelo cansaço. Criou coragem e contou para os pais, que procuraram acalmá-lo dizendo ser um pesadelo. A mãe dizia, repetidas vezes, que ele deveria rezar. A partir do dia do relato, começa a reagir melhor e, quando o homem aparecia gritava bem alto, os pais logo corriam para junto dele e a visão desaparecia. Pediu que permitissem ter uma lâmpada acesa no quarto pois o escuro como que facilitava a indesejável presença. Diante da situação, os pais foram aconselhados por um parente a procurar ajuda num centro espírita. E ali estavam em busca de orientação, dispostos a seguir as nossas instruções. Após explicarmos as questões mais pertinentes ao caso, como as visões, o espírito perseguidor, a necessidade da prece, também deixamos evidenciada a possibilidade de uma melhora significativa para o menino. Explicamos a questão do tratamento espiritual através dos passes, a necessidade de realizarem o Culto do Evangelho no Lar e a possibilidade da presença deles nas reuniões doutrinárias e do filho nas aulas de Evangelização. Concordaram prontamente, mencionando que tinham simpatia pelo Espiritismo, inclusive, vez que outra, iam a uma casa espírita próxima à sua residência, para "tomarem passes". O nome do menino foi encaminhado para a reunião de desobsessão, sendo que o espírito que o atormentava se manifestou algumas vezes, relatando o seu propósito de vingança, pois J. C., no passado, o havia assassinado, razão pela qual queria agora levá-lo ao suicídio. Finalmente, se conscientizou da própria situação e foi encaminhado pelos Benfeitores Espirituais. Por sua vez o menino foi se acalmando, não mais teve visões. Hoje, é um adulto equilibrado. Com o tempo, a família passou a freqüentar a casa espírita mais próxima de onde moravam. Caso ocorrido no ano de 1994.

Nota-se, no caso relatado, a importância do apoio e compreensão da família, que, prontamente, atendeu as orientações, atuando decisivamente, com amor e persistência, para que o filho fosse beneficiado.

Suely C. Schubert